Sem IFA, fábrica de vacinas da Fiocruz vai parar por 10 dias
Foto: Reprodução
A Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), responsável por fabricar a vacina de Oxford no Brasil vai ter que desligar temporariamente as máquinas a partir da próxima sexta-feira (11). A interrupção se deve à falta de Ingrediente Farmacêutico Ativo (IFA) para produzir a vacina.
Essa não é a primeira vez que isso vai acontecer. Em maio, as máquinas ficaram cinco dias paradas porque também não havia matéria-prima suficiente para o imunizante. A diretoria da Fundação atribui os chamados “gaps” (pausas) na produção à crise mundial de IFA, que também está em falta em outros países.
A Fiocruz já entregou até agora pouco mais de 50 milhões de doses da vacina. Contando a vacina que já foi envasada e está na fase de testes, a Fundação deve chegar a 65 milhões de doses entregues ao Ministério da Saúde em julho, mas até lá tem grandes chances de reconsiderar previsões.
A capacidade produtiva da unidade de BioManguinhos está perto de 1 milhão de doses por dia. Se considerarmos os intervalos para limpeza e manutenção, 5 a 6 milhões por semana. Isso significa que os cerca de 10 dias de pausa podem atrasar a entrega de quantidade considerável de doses.
A Fiocruz ainda espera 4 lotes de IFA relativos a junho e julho. Juntos eles devem gerar mais de 20 milhões de doses. A ideia inicial é que as entregas mantivessem uma periodicidade semanal ou pelo menos quinzenal, para dar vazão às máquinas, mas as entregas tem sido mensais por volta do dia 20 do mês.
Nesse ritmo, as máquinas podem ser desligadas no dia 11 de junho, quando acaba o IFA já estocado, e religadas apenas após dia 20, após a chegada da remessa com os lotes de junho e o descongelamento do material – que leva cerca de 48 horas. Ou seja, se a entrega atrasar, a ociosidade pode ser ainda mais longa. Eles dizem, no entanto, que já têm autorização da China para a importação.
Esse atraso é mais um dos motivos que fez com que a meta de entregar 100 milhões de doses no primeiro semestre do ano, plano inicial da Fiocruz, não fosse cumprida. Se a próxima remessa de vacinas – que será entregue na próxima sexta-feira, dia 11 -, mantiver a média de 5 milhões de doses, é provável que a Fundação feche o semestre com menos de 60% da projeção inicial.
A boa notícia é que, com o aval para finalmente produzir o IFA nacional, a fundação já começa a se preparar para a independência da matéria prima estrangeira. Os primeiros lotes de vacina 100% brasileira devem precisar de cerca de três meses em produção, mas em outubro é provável que a fábrica não precise mais de novas pausas na produção.
O vice-presidente de Produção e Inovação da Fiocruz, Marco Krieger avalia que, de certo modo, as pausas podem ser consideradas positivas, porque demonstram a alta capacidade de desempenho da fábrica de BioManguinhos. “Hoje nós temos uma capacidade de produção que é maior do que o cronograma de entrega da matéria prima, então eventualmente vamos ter interrupções que estão associadas à produção com maior capacidade do que o cronograma de recebimento, diz.
“Vai ser muito importante que a gente tenha consolidado essa capacidade de produção porque, em algum momento, num futuro próximo, nós vamos estar trabalhando simultaneamente com IFA estrangeiro e nacional. Então, esse aumento de produção já é muito desejado e felizmente já foi alcançado”, completa ele.
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