Conselho de Ética suspende sessão antes de votar relatório sobre Cunha

Presidente da Câmara dos Deputados,Eduardo Cunha - Foto: Antonio Cruz/Agência Brasil
Presidente da Câmara dos Deputados,Eduardo Cunha – Foto: Antonio Cruz/Agência Brasil

Depois de mais de três horas de discussão, o Conselho de Ética da Câmara dos Deputados suspendeu nesta terça-feira (1º) a sessão antes que fosse votado o relatório preliminar que pede a continuidade do processo disciplinar contra o presidente da Casa, Eduardo Cunha (PMDB-RJ). O motivo da suspensão foi o início das votações no plenário principal da Câmara. A expectativa é que o conselho retome o caso depois.

Investigado na Operação Lava Jato, Cunha é alvo de uma representação sob suspeita de ter ocultado contas bancárias na Suíça e de ter mentido sobre a existência delas em depoimento à CPI da Petrobras no ano passado. O presidente da Câmara nega ser dono de contas no exterior, mas admitiu ter o usufruto de ativos geridos por trustes estrangeiros.

A etapa de discussão do parecer já havia sido encerrada e, pelo regimento, o colegiado estava apto a votar o relatório. No entanto, a sessão se arrastou diante das diversas intervenções de aliados de Cunha até o momento em que foram abertas as votações no plenário da Casa, sob o comando do próprio Cunha. Pelo regimento da Câmara, as comissões não podem funcionar enquanto ocorrer a chamada “Ordem do Dia” no plenário principal.

“Palavra final em indicações da Petrobras era de Cunha”, afirma delator

_CMC-Camara-Mirim (1)Ex-gerente da Petrobras, o engenheiro Eduardo Musaafirmou, em depoimento de delação premiada, que o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), tinha a “palavra final” na indicação para a diretoria Internacional da empresa. A área é uma das principais envolvidas na Operação Lava Jato, por suspeita de cobranças milionárias de propina. Seus antigos diretores, Nestor Cerveró e Jorge Zelada, estão presos preventivamente em Curitiba.

Segundo o depoimento de Musa, que foi gerente da área Internacional entre 2006 e 2009, o PMDB detinha a indicação do cargo de diretor. Um dos responsáveis por indicar nomes à diretoria seria o lobista João Augusto Rezende Henriques, preso nesta segunda (21) na última fase da operação. A palavra final, porém, era de Cunha.

“Henriques disse ao declarante [Musa] que conseguiu emplacar Jorge Zelada para diretor internacional da Petrobras com o apoio do PMDB de Minas Gerais, mas quem dava a palavra final era o deputado Eduardo Cunha”, diz um trecho da delação.

Henriques era “ligado ao PMDB”, segundo Musa, e tinha influência na área Internacional e “possivelmente” na diretoria de Exploração e Produção -que ainda não foi alvo da Lava Jato. Segundo o engenheiro, o lobista fornecia informações privilegiadas de dentro da Petrobras para ajudar na formação de preço das propostas enviadas à diretoria, em troca do pagamento de propina.Mais >