Transferência de policiais reduz efetivo no PROERD e conhecimentos nas escolas

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A transferência de policiais militares que atuavam no Proerd (Programa Educacional de Resistência às Drogas e à Violência) tem gerado insatisfação entre os integrantes do projeto. De acordo com a coronel Margarida Brandão, que comanda o programa, atualmente só onze PMs estão disponíveis para o serviço.

A oficial conta que 52 policiais instrutores do Proerd foram transferidos e não atuam mais no programa. A Secretaria de Segurança Pública e Defesa Social (Sesed) se manifestou através da assessoria de imprensa e confirmou as transferências. Contudo, a pasta negou que a intenção seja acabar com o programa.

“O governo que anunciou a ampliação do programa e disse que levaria o Proerd a todos os municípios do RN, descumpre a sua palavra”, critica coronel Margarida Brandão. Atualmente, ainda segundo informou, o Proerd atende a 52 municípios no Rio Grande do Norte.

“Aproximadamente 70 mil alunos são capacitados por ano com o programa e infelizmente, com a transferência realizada pelo comando da PM de 52 instrutores, conforme boletins gerais nº 209 de 11/11/15, nº 215 de 19/11/15, nº 221 de 27/11/15, nº 228 de 08/12/15 , que atuavam em Natal, houve prejuízos e danos para toda sociedade potiguar e principalmente para à comunidade escolar da capital, pois os instrutores estavam em plena atividade, deixando de finalizar o programa e desperdiçando todo um material didático, produzido com recurso público”, declarou a coronel.

O programa completou 13 anos neste ano de 2015. Ele consiste em ações junto à comunidade escolar, para prevenir violência através da educação. De acordo com a tenente coronel Margarida Brandão, que comanda o programa desde a fundação, os PMs que participam do projeto, selecionados para integrarem a equipe, são treinados para lidar com esse tipo de trabalho e, em sua maioria, possuem formação na área de educação.
Em 2002, quando o programa teve as atividades iniciadas no Rio Grande do Norte, eram menos de dez policiais para dar conta da proposta, ainda experimental. Em 2003 o número cresceu para 30 e, provando sua efetividade ano após ano, o Proerd tem ampliado sua atuação.
Entretanto, após as últimas transferências, o projeto regride a uma estrutura quase igual a que se tinha 13 anos atrás. Margarida Brandão explica que as aulas ministradas pelos PMs ocorrem semanalmente, e têm metodologias adaptadas ao interesse dos estudantes. O trabalho dura aproximadamente seis meses e os policiais que integram o programa cumprem o horário de atividade na corporação se revezando na escala entre as escolas.
O foco de atuação do Proerd é com estudantes do 5º ano do Ensino Fundamental, crianças que em média têm 10 anos. Para a coronel Margarida Brandão, é importante o trabalho de prevenção nesta idade, porque antecede o contato dos pequenos com a possível oferta de entorpecentes.
Com as transferências, ela diz que é que o trabalho agora será bastante sacrificado. “A nossa maior indignação é saber que as próximas gerações não terão a oportunidade de conhecer as técnicas e informações de prevenção; mais de 100 mil crianças deixarão de ser atendidas, somente em 2016 e 2017, pelos melhores profissionais”, lamenta.
A coronel Margarida Brandão alerta para a incapacidade de a equipe dar continuidade aos trabalhos com a deficiência de pessoal. “O programa chega ao estágio crítico, assim como os reservatórios de água em tempo de seca, atingiu seu ‘volume morto”, compara.
“Registramos o nosso agradecimento à sociedade potiguar pela confiança e apoio e fico na certeza que em breve, com a graça de Deus, voltaremos a fazer o que mais amamos e acreditamos: o Proerd do RN”, finalizou a oficial.
Repercussão
A transferência dos policiais militares instrutores do Programa Educacional também repercutiram negativamente entre os profissionais que atuam nas escolas.
“Estamos em luto, a comunidade escolar, as famílias, todas as pessoas que já tiveram a oportunidade de fazer e conhecer o Proerd, de receber o seu apoio e o seu serviço. Estou decepcionada com esta decisão do governador Robinson Faria em acabar o Proerd, nunca pensei que as crianças do RN, iriam receber essa bomba de presente de Natal”, criticou a professora pedagoga e psicomotricista Jaqueline Assunção, da escola Balãozinho Mágico, que acompanha o programa há 13 anos.
Segundo ela, a medida representa uma perda com prejuízos sociais absurdos “Uma ação lastimável e inaceitável do governo”, avaliou.
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