Um ato de amor que salva vidas
Nos primeiros meses de vida, a mãe se preocupa em garantir a melhor alimentação que uma criança pode ter. A mais completa é, sem dúvidas, o leite materno, que oferece inúmeros benefícios, desde a melhora no sistema imunológico até a prevenção contra diabetes, obesidade, infecções e alergias. Mas isso não é tudo. Amamentar, além de fortalecer o vínculo entre a mãe e o filho, também faz bem para a saúde da mulher.
É que a amamentação previne a hemorragia pós-parto, anemia, osteoporose, doenças cardíacas, cânceres de mama e de ovário e depressão, além ser um ato prazeroso que eleva a autoestima.
Infelizmente, a falta de informações sobre a importância do aleitamento materno é uma realidade comum entre diversas famílias. Dados da Organização Mundial da Saúde (OMS) apontam que apenas 38% das crianças no mundo se alimentam exclusivamente de leite materno nos seis primeiros meses de vida. A intenção é que até 2025 esse número chegue a pelo menos 50%, o que ainda é pouco.
A Organização Mundial de Saúde (OMS) e o Ministério da Saúde (MS) sugerem que a amamentação seja realizada por dois anos ou mais e que o leite materno seja o alimento exclusivo na dieta do recém-nascido até o sexto mês de vida.
Esse é o objetivo de Maria Auxiliadora Ferreira, mãe de Celine Agnnys, que pretende amamentar até a pequena completar seis meses. “Esta é a quarta vez que tenho um filho. Para mim, é um momento de muita satisfação amamentar. Sei o quanto o leite irá beneficiar minha filha e pretendo amamentar de forma exclusiva”, afirma.
Na Maternidade Escola Januário Cicco (MEJC), da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), vinculada à Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Ebserh), todas as mães recebem orientação de como amamentar.
Mais que isso, a instituição possui um Banco de Leite Humano (BLH) responsável pelo controle de qualidade e distribuição do leite materno para cerca de 80% dos recém-nascidos em situação de risco em todo o estado.
Banco de Leite
Considerado referência pela Rede Brasileira de Bancos de Leite Humano (RedeBLH), o Banco de Leite Humano da MEJC conta, em média, com 50 doadoras e chega a coletar cerca de 200 litros de leite por mês. Parece muito, mas ainda é insuficiente para atender toda a demanda que precisa de pelo menos três vezes mais doações, cerca de 15 litros por dia.
“Somos o único banco de leite do estado que faz o processamento do leite materno para atender as unidades maternas, sejam elas públicas ou privadas. Para atender apenas a nossa demanda interna, seria necessário de 8 a 10 litros por dia”, comenta a coordenadora do Banco de Leite da MEJC, Ana Zélia Pristo.
Segundo ela, alguns bebês, ao nascerem, não têm a oportunidade de mamar. Garantir que sejam alimentados da melhor forma possível, possibilitando um crescimento saudável com todas as defesas que o organismo precisa, é uma das funções do Banco de Leite.
A doação é parte fundamental para que isso aconteça, mas não basta apenas receber o leite, é preciso garantir que ele tenha as condições adequadas para o consumo. Por isso, é necessário que seja submetido a testes microbiológicos e físico-químicos para avaliação de sua qualidade. Todo o processo realizado pelo Banco de Leite da MEJC dura, em média, 48 horas até que o alimento seja considerado adequado para o consumo.
Neste Vídeo, um pouco mais sobre o Banco de Leite.
O leite materno processado em bancos de leite atende principalmente a bebês prematuros ou em situações em que não conseguem mamar diretamente na mãe. É o caso da pequena Damara Maria, filha de Jailma Ribeiro, que nasceu com 860 gramas.
Segundo Jailma, a assistência recebida no período em que a filha estava na UTI Neonatal, o acompanhamento de toda a equipe e o leite materno fizeram toda a diferença na sua recuperação. “Tive algumas complicações durante a gestação e ela chegou antes do tempo. Tomei um susto grande, pois eu era mãe de primeira viagem e tinha um bebê prematuro para cuidar. Foram vários dias com ela internada na UTI Neonatal e, mesmo depois que foi transferida para a Enfermaria Canguru, ela chegou a ter complicações e precisou retornar algumas vezes para a UTI”, lembra.
Desenvolvendo-se e ganhando peso, atualmente a pequena Damara está com 3,120 kg e logo mais deve ir para casa. “No início, eu não tinha leite suficiente para alimentá-la. O leite materno doado fez toda a diferença. Tenho certeza que se não fosse o apoio, a assistência que nos foi dada e o leite materno proveniente das doações, talvez ela não estivesse aqui comigo”, fala a mãe emocionada.
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