Visão Bolsonaro: Crise política abre espaço para candidatos com ideias extremistas
Tempos de crise são solo fértil para projetos autoritários. No Brasil, a crise que se instaurou com a descoberta de um megaesquema de corrupção em Brasília – grande o suficiente para se abrir um processo de cassação da presidente – levou a uma tendência de voto maior do que o comum na extrema-direita. E o pré-candidato à Presidência que vem se beneficiando disso, pelo menos por enquanto, é o deputado federal Jair Bolsonaro (PSC).
Normalmente visto como um personagem apenas folclórico, dado a gestos histriônicos e a hábitos agressivos, Bolsonaro virou símbolo de revolta para alguns que se sentem descontentes com os governos mais à esquerda que o país teve em tempos recentes – especialmente nos 13 anos de domínio petista.
“O Bolsonaro é um exemplo de um discurso populista comum em tempos de crise de confiança no regime liberal, no Estado de Direito. Assim como ele, tivemos Silvio Berlusconi na Itália e estamos vendo o Donald Trump nos Estados Unidos”, diz o professor de ciência política e de ética Roberto Romano, da Unicamp.
Para Romano, no Brasil isso é facilitado pelo fato de a população estar acostumada com uma “ideia mágica” de que na política a vontade de um líder basta para que as coisas ocorram – quando na democracia o presidente, mesmo que queira fazer reformas, precisa discutir com o Congresso e com a sociedade. “Temos uma cultura forte de personalização na nossa política desde Getulio Vargas.”
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